"TODA SOCIEDADE SE AFERRA A UM MITO E VIVE POR ÊLE. O NOSSO MITO É O DO CRESCIMENTO ECONÔMICO"- Tim Jackson

domingo, 14 de agosto de 2011

"NÃO HÁ CORRUPTO SEM CORRUPTOR"

Casos de corrupção não são de hoje, nem privilégio brasileiro ou exclusividade do setor público. Onde existe intermediação de interesses, regulação, licitações, licenciamentos, máquina fiscalizadora, há potencial para a corrupção. A defesa da ética e o combate à corrupção dependem de uma atitude coletiva, de um ambiente institucional saudável, de mecanismos efetivos de controles internos, externos e sociais. Não há corrupto sem corruptor. Não há êxito possível dentro de um clima de impunidade.

Assistimos nas últimas décadas aos anões do orçamento, PC Farias, Vampiros, Sanguessugas e mensalão. Nos últimos meses duas crises éticas assolaram o Governo Federal: Palocci e seu súbito enriquecimento, e as denúncias envolvendo o Ministério dos Transportes e o Dnit. Há uma semana, importante revista semanal denunciou o esquema em torno da Agência Nacional do Petróleo.

A presidente Dilma Rousseff anuncia uma faxina. Demitiu ministros, inúmeros dirigentes e técnicos. Encontrará apoio na sociedade e nos setores políticos sérios para radicalizar esta cruzada e não ceder às chantagens que começam a se esboçar. Mas é preciso ir fundo. Queimar os navios em relação à corrupção. Nós, da oposição, não negaremos apoio para que juntos levemos à frente um combate sem tréguas à corrupção. Mas é preciso que cada um faça a coisa certa e que não esgotemos o esforço em medidas parciais, superficiais ou de alcance limitado.

À sociedade cabe não se render a uma cultura leniente ou alienada diante das denúncias, movida por falsas percepções de que "todos roubam, todos são iguais" ou que ninguém será punido. É preciso que cada cidadão alimente permanentemente a indignação contra a corrupção: fiscalize, controle, denuncie.

Às instituições, aos partidos políticos, à imprensa, cabe investigar, apurar e punir exemplarmente os malfeitores. E aprimorar os instrumentos de transparência e controle social sobre o orçamento público.

Além disso, é fundamental avançar na reforma do Estado, quebrando o patrimonialismo, o aparelhamento partidário e o clientelismo, modernizando a máquina, desburocratizando os processos, profissionalizando a gestão, simplificando normas e processos, sem o que o caldo de cultura propício à corrupção continuará intacto. É hora de extinguir a Secretaria Nacional dos Portos, abortar a criação da Secretaria Nacional de Aviação Civil e reunir uma equipe forte, competente e honesta num reinventado Ministério dos Transportes que enxergue e planeje a matriz de transporte e logística do Brasil a partir de uma visão moderna, integrada e multimodal.

Por último, vem a necessária reforma política. Nosso original, anacrônico e esgotado sistema político, partidário e eleitoral é que não permite a consolidação de maiorias e minorias sólidas, deslocando a sustentação da governabilidade para a lógica do "é dando, que se recebe". Obama para ampliar o limite da dívida dos EUA não fica liberando emendas, oferecendo cargos em agências reguladoras, ministérios ou estatais. A discussão é publica. Democratas e republicanos se posicionam e a sociedade acompanha e estabelece seu julgamento.As crises geram problemas, mas também oportunidades. Façamos a coisa certa.

MARCUS PESTANA -DEPUTADO FEDERAL PSDB/MG

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